quarta-feira, 9 de março de 2011

Quarta-feira de Cinzas...



Tudo parou de repente! 

Jazem imóveis as pandeiretas
mudos os pianos e trompetes
Na pista
sangram flores desfolhadas
contorcem-se serpentinas descoloridas
máscaras abandonadas
 
Os confetti
são agora grãos de areia
que devolvem meus etéreos passos de dança
à crua realidade do chão
E dos estonteantes vapores do champanhe
restam-me agora os amargos de boca
na ressaca da bebedeira dos sentidos
   
Para onde foram
as marchinhas de mãos dadas
os sambas de olhos nos olhos
as rumbas apimentadas?…
Para onde foram
os dançarinos das máscaras caídas
as palavras cuspidas
em papelinhos adocicados?…

 Tudo parou de repente!
 
 Os calendários
devem estar doidos!…
   
É quarta-feira de cinzas
no meu domingo de Verão…
Dobram os sinos
enterrando um carnaval
d’ amor de Primavera
E eu…  Outono
moendo "as quatro estações”
nos braços de Vivaldi!…

[Carmo Vasconcelos]

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